Preço do café atinge novo recorde e queda só é esperada para 2026

Café enfrenta alta histórica, com preços podendo cair apenas em 2026. Fatores climáticos e custos elevados pressionam o mercado.

Preço do café atinge novo recorde e queda só é esperada para 2026
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O preço do café tem registrado um aumento expressivo, com o grão torrado e moído subindo 98,4% nos últimos 18 meses. Especialistas indicam que a queda nos preços pode ocorrer apenas em 2026, dependendo das safras no Brasil e no Vietnã. A nova realidade de custos estruturais mais altos está impactando o mercado, refletindo na inflação e na redução do consumo.

Os dados do IPCA mostram que o aumento acumulado desde janeiro do ano passado foi marcado por 17 altas consecutivas, com um incremento de 4,6% apenas em maio. A Associação Brasileira da Indústria de Café (Abic) aponta que as compras de café caíram 16% em abril em comparação ao mesmo mês do ano anterior. Essa retração é resultado da oferta reduzida do grão, que, segundo a diretora-executiva da Organização Internacional do Café (OIC), Vanusia Nogueira, é sustentada por uma "tempestade perfeita" de fatores climáticos e geopolíticos.

Fatores que Influenciam os Preços

Mudanças climáticas nas principais regiões produtoras, como secas e chuvas intensas, têm limitado a oferta. Apesar de algumas melhorias logísticas, ainda há atrasos no transporte e custos elevados de frete. Nogueira ressalta que, embora correções pontuais possam ocorrer nos próximos meses, um retorno aos níveis normais de preços não deve acontecer antes de 2026. As expectativas de redução estão ligadas às colheitas no Brasil e no Vietnã, os maiores produtores mundiais. Se as floradas de setembro e outubro forem favoráveis, pode haver um alívio temporário nos preços.

Contudo, a diretora da OIC alerta que a queda pode ser apenas parcial, pois os custos estruturais permanecerão altos. O conceito de "preço normal" precisa ser atualizado, refletindo a nova realidade da cadeia produtiva, que agora inclui exigências como rastreabilidade e métodos sustentáveis. Impactos no Mercado Em maio, a saca de 60 quilos de café foi vendida a um preço médio de R$ 2.382,57, mais que o dobro em relação ao ano anterior.

Produtores e comerciantes enfrentam desafios, como a necessidade de repassar aumentos aos clientes. Em Franca (SP), a produtora Bruna Malta destaca que, apesar dos preços altos, a falta de café para venda é um problema. Ela menciona que o custo dos fertilizantes já era elevado antes da disparada dos preços. A valorização do grão também traz preocupações com a segurança, já que casos de roubos de carga têm aumentado, especialmente no sul de Minas Gerais.

Para mitigar esses riscos, produtores estão investindo em segurança, como monitoramento e vigilância nas lavouras. A situação atual do mercado de café reflete uma nova dinâmica que exige adaptação e resiliência dos envolvidos na cadeia produtiva.